segunda-feira, novembro 13, 2006

PARTIR

Para ti amigo que resolveste partir, não te condeno por isso, só tu e Deus sabem porque o quiseste fazer, pelo que sei foi preciso muita coragem, até ai revelaste a bravura com que sempre enfrentaste a vida, dizem agora que foi por isto ou aquilo pouco importa, os que antes te denegriam, agora limpam a tua imagem, para mim serás sempre aquele companheiro de brincadeira da minha infância, o cúmplice da minha juventude, o amigo da idade adulta. Poderia contar os muitos episódios que vivemos, recordo deles todos o último, aquele em que não fui capaz de perceber o que me pedias, para além de estar presente num jantar, num lugar que para mim não me é agradável, e te respondi que não, nessa altura na hora logo encontraste forma de me desculpar, ficou por beber aquele café, já estava em marcha o teu calvário de silêncio, que te levou a decidires o teu percurso neste mundo, buscavas ajuda talvez algum conforto, junto de quem durante tanto tempo, sempre respeitou as tuas decisões, sem grandes manifestações, porque sabes que apesar de tudo sou tímido, mas quando foi necessário não deixei de te mostrar a minha solidariedade.
Nunca senti vergonha, mesmo com todos os supostos erros que cometeste, de te falar, visitar ou mesmo perguntar por ti, aos que te eram mais próximos, sabes que entre todos nós existiu sempre uma grande cumplicidade, fruto dos anos que passamos juntos e da forma como sempre respeitámos o espaço uns dos outros, somos pobres por isso o melhor que temos para dar é a nossa amizade, por este facto a nossa balança está sempre equilibrada, para ti as preocupações com tudo aquilo que faz girar o mundo acabaram, para mim que fiquei, a imagem que quero recordar é a de um homem que ajudou outros, que sofreu por eles e com eles, que na hora em que o infortúnio lhe bateu à porta esteve quase sempre sozinho, quando mesmo não foi escorraçado, sabes que é mais fácil falar mal dos outros, que olhar para nós, quantos defeitos te foram apontados, mas esqueceram-se das tuas virtudes, agora que de uma forma violenta resolveste partir, sinto-me triste por não poder mais privar contigo, feliz por tu em vida seres um amigo, esperançado por talvez um dia quem sabe poder-mos beber aquele café para o qual nunca encontramos tempo, descansa em paz meu amigo, e perdoa o meu não.

3 Comments:

At 1:43 da tarde, Blogger Flour said...

O amor que se queda para os que partem, sem aviso... e o remanescente, para os que ainda cá dele precisam

:-)

 
At 2:48 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Quando sabemos que a amizade verdadeira não tem preço e paralelamente vemos vidas que levam a colocar essa fasquia tão alta que não resistem e resolvem partir, …é algo que me intimida, digo eu, para quem a amizade tem muito valor.
(mais uma vez desculpe por não ter respondido logo)
Fique bem
anaea

 
At 6:58 da manhã, Blogger Flour said...

Senti um carinho grande ao ler notícias suas no meu blog, é bom ser saudada, tal como eu o saudo e aos nossos momentos de conversa/desabafo.

um abraço e não deixe de pôr essa sensibilidade cá para fora, nem que seja através da escrita que faz
tão bem.

 

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