OCRAM

Ocram, um jovem varredor, tem na sua amiga Dani a melhor aliada, qual leoa que defende as crias, não se pode proferir uma palavra menos abonatória em relação a ele quando ela está por perto, divide com ela a tarefa de limpar as veredas do Bosque Urbano da cidade, estão sempre muito atarefados, devido à densa arborização e aos extensos canteiros de flores, existe sempre que fazer, para passarem o tempo, cantam qual patorra para devassar a cultura campesina da região, é por causa deles que a fauna que normalmente o habita durante a noite, apesar das boas características do local para uma boas galgadas foge dele durante o dia, encontram lá de tudo, recentemente têm encontrado balões cheios, o que os trás bastante intrigados, durante o dia não se vê aqui crianças, nem mesmo na zona de lazer ultra moderna, onde para memória de todos, está uma figura antiquíssima, que tanto prestígio deu à edilidade, o toiro de Junho e o seu amante o cavalo de Outubro.
Disposto a desvelar o enigma dos aeróstatos, Ocram qual guarda-nocturno deliberou passar a patrulhar o espaço, é muito conhecido na zona, devido à forma como meneia as coxas, percebeu que teria que usar um disfarce, valeu-se da sua forma de andar, pintou o cabelo, vestiu aquela saia curta, que usa para em casa atiçar o apetite ao seu namorado, foi passear-se para a Brenha, o local vazio durante a alvura, estava repleto de parceiros por todos os lados, ele eram rodas, parelhas, mas o que achou mais engraçado foi o comboio, formado por rapazes viris, em que o maquinista tentava apanhar a carruagem de trás, dizendo eu também quero entrar não é só guiar, enquanto brandia nas mãos um sino e respectivo badalo que ia tocando à medida que o trem entrava nos túneis, ou entrava outro passageiro, cada um deles, por causa do percurso tortuoso da viagem, trazia consigo um balão, para no caso de ficar enjoado, poder socorrer-se dele para depositar o produto dos engulhos, não sujando o chão do comboio, estava pois resolvido o arcano, eram os utilizadores do trem municipal que faziam tal chavascal, para verem a paisagem atiravam os balões para fora das carruagens, o que apetece fazer a quem tanto mal faz à Natureza, é pô-los alimpar depois de patuscar, para assim se poder recitar: venham fazer uma curta incursão nos jardins desta região tão lindos que eles são, ganha um lindo balão.