segunda-feira, outubro 02, 2006

LEIRO

Leiro, licenciado em Ergonomia animal, professor universitário biscateiro, tem como actividade principal cuidar da administração de uma pecuária muito importante a Azabacora, nela desenvolve o seu método de extracção rápida a suínos, do seu produto propagador de espécies, manipulando-lhes o órgão reprodutor até conseguir efectuar a recolha, nesta moderna exploração não são usados os métodos tradicionais, pois iria afectar a qualidade final dos derivados, durante esta faina usa o método sókudo, para quem não conhece é um paradigma matemático para alinhar números de forma consistente e em determinada ordem, está sempre munido das mais modernas ferramentas de cálculo utiliza-as na perfeição, mas o trabalho sujo esse tem ele sempre que o fazer à mão, não se sente embaraçado por para além de alimentar, limpar ainda ter que ajudar os porcinos a procriar, tem mesmo orgulho em mostrar os tenros leitões que ajuda a nascer, trabalhar ali é um prazer, um regalo semelhante ao que sente quando está com o seu querido Ocram, é contagiante o sorriso que trás sempre estampado no seu rosto, mesmo quando desempenha as tarefas que dão mais trabalho ao aparelho olfactivo, pelo desconforto do intenso aroma que percorre o ar, há quem diga que ele já está de tal forma habituado, que consegue dormir na pocilga.
Gosta de ouvir musica sobretudo clássica, enquanto executa o seu lavor, consigo trás um leitor de MP3 portátil onde tem tudo o que de bom existe neste género musical, só se pode dizer divinal, termo exacto para definir a forma como Leiro, executa com minúcia a sua recolha da semente dos porcos, ora lenta e compassadamente como as sonatas de Mozart ou vigorosamente como a nona sinfonia de Beethoven, as suas gadanhas qual porcas despertam nos bácoros os mesmos efeitos, são grunhidos de deleite que se podem ouvir bem longe da instalação, agora com a quintinha lutuosa, os distintos hóspedes, já por várias vezes especularam na recepção sobre a origem de tão perturbantes sinfonias, sabendo-se que estão no campo, é de esperar ouvirem-se os distintos sons da natureza, mas turistas da cidade não conhecem a vida do campo que é muito maçada, receiam que desperte neles o instinto animal, a ponto das suas fêmeas dizerem ai garanhão vai com jeito, eu ainda fico com a barriga ao pé do peito, outra vês gorda não pretendo não.