MEMÓRIAS
Lembro-me de tanta coisa aqui sentado junto ao meu computador, a cabeça está num turbilhão as ideias enevoam-se, tudo descamba ao meu redor, são os que me cercam, as moscas que não param de me chatear, o calor que é imenso, mas sobretudo este tédio de estar fechado em casa, com uma vontade de estar junto ao mar e simplesmente não ir, para evitar problemas, existe quem em lugar do mar queira dormir eu só tenho que aguentar, convivência democrática diria alguém, espírito de abnegação dirão outros, a vida é mesmo assim alvitraria a vizinha do segundo andar, mas e eu onde fico eu neste entretanto, vazio cada vez mais vazio, já me cansam os ais e mais ais que oiço todo o santo dia, porque não faço a cama, porque só ligo ao computador, porque saio de casa para ganhar dinheiro, porque o dinheiro não chega, do outro lado só encontro reprovação apesar do que faço, nada chega, mas sou sempre eu que ando para a frente, é sempre o urso que tem que dançar, pois sua excelência a rainha dos mares do sul só sabe exigir, a mim pobre plebeu que só quer uma vida tranquila, a revolta começa a tomar corpo dentro de mim, a minha alma começa a sufocar, um destes dias quando eu menos esperar e sem qualquer aviso tudo pode acontecer, a minha índole pacifica poderá num momento de loucura alterar-se profundamente, ao ponto de acabar de vez com a moléstia, pegar na trouxa e partir, sem hesitar ou olhar sequer para trás, o mundo é grande e nele terei certamente um lugar, sozinho e dependendo só de mim, mas não estou já só, apesar de acompanhado, tenho inventado desculpas umas atrás das outras para aguentar a situação, certo é que, por mais que eu queira, não consigo evitar que me usem e deitem fora.
Já fico perdido neste tempo,
No tempo não me encontrei,
Por do tempo não ter tempo
Sem tempo para mim fiquei.
A incerteza tem acompanhado a minha existência, dependo emocionalmente dos outros, a vontade deles, de uma forma indirecta tem-se sobreposto sempre à minha, com muitas desculpas, foram moldando o meu querer, nasci livre ou talvez não, não recordo o acto de nascer, mas talvez tenha nascido livre, impuseram-me uma fralda, roupa e aquele caracol ridículo no alto da cabeça, ai eu não poderia queixar-me, ainda não dominava as convenções sociais, hoje decorridos que são quase cinquenta anos ainda tal como na época mantenho-me preso a esta vida cheia de regras, como é livre o peixe no mar, julgo eu mesmo esse não está longe de ser apanhado por uma qualquer rede e acabar na travessa da casa de qualquer um de nós, neste perene equilíbrio entre a minha liberdade e a daquilo que me rodeia onde estou, em qual dos pratos da balança está o maior peso, porque sonho com o que não é possível alcançar, já há muito que sei que a felicidade não existe e que o mais próximo dela são os momentos em que sentado comigo mesmo, não faço planos deixo as imagens correrem livres como o vento, recordo alguns momentos que me fizeram esboçar um sorriso, ou os outros em que zangado me retirei para dormir, tenho fugido toda a vida de mim e assim fujo dos outros, que montanha tenho construído em meu redor, sou um feroz crítico ao que me rodeia, não acredito em soluções destes políticos vendidos aos flashes das câmaras de televisão, apenas gostam de ser ver reflectidos no pequeno ecrã, pois com o povo anónimo não se importam, partilham as audiências com qualquer artista de telenovela feito à pressa, sentem-se felizes com o mal que nos andam a fazer, contudo um destes dias virá alguém que com a cabeça no lugar dirá basta.
Que ilusão vale a vida
Corda com muitos nós
Por ela ficamos presos
Cada um dentro de nós
Já fico perdido neste tempo,
No tempo não me encontrei,
Por do tempo não ter tempo
Sem tempo para mim fiquei.
A incerteza tem acompanhado a minha existência, dependo emocionalmente dos outros, a vontade deles, de uma forma indirecta tem-se sobreposto sempre à minha, com muitas desculpas, foram moldando o meu querer, nasci livre ou talvez não, não recordo o acto de nascer, mas talvez tenha nascido livre, impuseram-me uma fralda, roupa e aquele caracol ridículo no alto da cabeça, ai eu não poderia queixar-me, ainda não dominava as convenções sociais, hoje decorridos que são quase cinquenta anos ainda tal como na época mantenho-me preso a esta vida cheia de regras, como é livre o peixe no mar, julgo eu mesmo esse não está longe de ser apanhado por uma qualquer rede e acabar na travessa da casa de qualquer um de nós, neste perene equilíbrio entre a minha liberdade e a daquilo que me rodeia onde estou, em qual dos pratos da balança está o maior peso, porque sonho com o que não é possível alcançar, já há muito que sei que a felicidade não existe e que o mais próximo dela são os momentos em que sentado comigo mesmo, não faço planos deixo as imagens correrem livres como o vento, recordo alguns momentos que me fizeram esboçar um sorriso, ou os outros em que zangado me retirei para dormir, tenho fugido toda a vida de mim e assim fujo dos outros, que montanha tenho construído em meu redor, sou um feroz crítico ao que me rodeia, não acredito em soluções destes políticos vendidos aos flashes das câmaras de televisão, apenas gostam de ser ver reflectidos no pequeno ecrã, pois com o povo anónimo não se importam, partilham as audiências com qualquer artista de telenovela feito à pressa, sentem-se felizes com o mal que nos andam a fazer, contudo um destes dias virá alguém que com a cabeça no lugar dirá basta.
Que ilusão vale a vida
Corda com muitos nós
Por ela ficamos presos
Cada um dentro de nós
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