SOL
Sendo o sol o astro rei que ilumina as nossas vidas, apesar das altas temperaturas que se fazem sentir, a atmosfera está bastante carregada, por estes dias no reino de Somar, a notícia esperada do encerramento de uma unidade de produção, de um dos maiores empregadores da zona, deixou sua majestade sorumbática, como pode tão alta burrice vir conspurcar a sua brilhante gestão, como podem os responsáveis não atender às petições, greves de fome, bater de pés e puxões de cabelos para não falar das peixeiradas feitas à boca pequena, que sua majestade tem perpetuado desde os tempos em que tal foi ventilado, debalde quem pensa que sua majestade não tem voz, e que não se faz ouvir junto das mais altas instâncias dos reinos vizinhos, mas com a pouca credibilidade de sua majestade o que se pode esperar, cada um tem na medida do que merece, mas eu queria falar do Sol e por momentos o meu pensamento cruzou-se com as noticias, é assim a vida faz-nos cruzar a todo o momento com agressões, alegrias externas e um rol de queixas que nos distraem para o que realmente é essencial, o sol, para além daquilo que todos nós conhecemos dos manuais das nossas escolas, proponho-me a abordar esta temática não numa perspectiva cientifica e eventualmente maçuda, mas antes leve como os seus raios plenos de esplendor, que nos dias carregados nos enchem a alma com aquela alegria, de quem nada tendo, sabe viver como se tudo estivesse ao seu alcance, felizes os ditosos que do pouco sabem fazer muito, que nostalgia ao verificar os tempos em que despreocupadamente percorria de pé descalço as pedras do meu quintal, como me divertia com um tanque de lavar roupa cheio de água, bastavam-me as mãos e a luz clara do sol, quantas gargalhadas aquela perua que mataram por alturas do Natal, escutou enquanto eu teimosamente lhe ia dando banho, cruel podem dizer agora, mas o que se pode esperar de uma criança com cinco anos senão que brinque, não sendo a altura para muitos brinquedos que a vida era dura, as minhas distracções passavam por utilizar os recursos disponíveis, agora chama-se reciclar, com paus de vassoura e papel de jornal consegui fazer um conjunto de marionetas que faziam as delicias da minha assistência composta sobretudo pelas galinhas, galos, coelhos e a perua da capoeira da minha mãe, recordo com saudade o aroma e o sabor das peras que nessa altura existiam no quintal, disso tudo só resta o limoeiro, que apesar de todos os ataques teimosamente continua a produzir limões, tão suculentos que bastam algumas gotas para fazer um excelente limonada, ou uma requintada efusão para os dias em que o sol não se vislumbra no horizonte, consequência directa falta de sombra e azedume nos seres humanos pois normalmente este tempo faz-se acompanhar de chuva, mas é assim mesmo, a ilusão dos simples complica-se com a influência dos ditos sábios, ignóbeis criaturas que só sabem destruir o que realmente tem valor, por esta altura estará a pensar mas que texto tão comprido feito em discurso directo e utilizando sempre o mesmo paragrafo, pois bem quero esclarecer, que na vil tentativa de me libertar, da opressão de um estado dito democrático, resolvi vingar-me, daqueles que em tempos idos, me fizeram aprender que a vida não passa de uma convenção e que importa conhecer bem cedo, para obtermos as maiores recompensas da nossa sociedade, ele são prémios, distinções, convenções e seminários tudo em prol da manutenção do status, que os ditos atingem depois de valorosamente alcançarem o dito…, sabem do que falo, mas desde que um burro entrou na faculdade, para gladio dos doutos professores que finalmente tiveram um adversário à sua altura, que isto de ensinar obriga a usar os neurónios, temos que ser convincentes naquilo a que nos propomos, a que se esqueça depois do que se aprende, pois este animal era mais aplicado que os demais alunos, e assim conseguiu passar com distinção em todos os exames que constituem a parte teórica e prática do curso de zombeteia da universidade da lusofobia e depois de assinado por mim, escrivão da função pública reconvertido, por extinção do cargo de lente desta faculdade, fui atirado para a penosa tarefa de validar, somente em dias de muito pouca agitação, os créditos que todas as reformas do ensino, efectuadas desde os tempos de D. Afonso Henriques, que de história eu não gosto, lhe conferiram as habilitações necessárias para que após concluído todo o processo o dito burro passa a chamar-se doutor, tendo como tal direito a usar o titulo, secretária de quatro pernas, pois as outras podem ser perigosas, estando reunidas as condições para auferir uma alta remuneração, centrando-se o dito doutor apenas na terrível tarefa de compreender como é que um burro carregado de livros é um doutor, e o animal assim chamado, por si só nem uma palha carrega, são os outros que primeiro o tem que carregar, mas isto é o sol da minha vida as trocas e destrocas que as palavras me atiram, sem me deixarem descansar, mas elas são a razão de umas quantas zangas com o meu relógio de ponto, não percebeu eu sei, talvez mais tarde eu diga tudo o que me vai na alma, mas antes tenho que disciplinar a minha razão.
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