SIMPLES
Simples foi o tempo que eu não queria perder, contudo tornou-se complicado dispersou-se entre a bruma que se fazia sentir nesse dia, calmamente pensei numa forma simples de facilitar as coisas, não foi fácil as reviravoltas eram tantas que mesmo simplificando tornou-se intransponível tornar as intenções simples, são grandes as barreiras que separam a simplicidade, para não desistir do propósito retirei tudo quanto de supérfluo ainda existia, sem resultado, continuava a faltar qualquer coisa na busca incessante de tornar o tempo simples, achei uma solução não procurar o que já existe, mas antes perfilar-me na fila dos que sem tempo, encontram sempre tempo para não usar o tempo.
Simples foi aquele sorriso sem dentes do idoso que me pedia algum do meu tempo para pela enésima vez me contar a história de quando sozinho no meio da serra encontrou um burro que tocava piano e falava francês pensei, conheço a história é a do gato maltês, porque me falará ele do burro e titubeante retorqui não era gato, ele de uma forma vigorosa respondeu, não era mesmo um burro pois só as pessoas inteligentes como ele conseguem acreditar nas fábulas que nos querem contar, não percebes que do modo como isto anda só uma daquelas fábulas antigas adaptadas para o nosso tempo nos fará adquirir um pouco mais de brio nacional.
Simples foi o abraço que senti, quando já cansado procurava refugio da tempestade que ia dentro de mim, nesse dia pensei que algo iria mudar, em vão depois daqueles breves segundos em que senti dois braços à minha volta, ficou tudo como se nada se tivesse passado, o meu sorriso voltou a ser negro e a minha cara fechou-se para poder afastar qualquer tentativa de contacto, qual viajante que desbravando novas terras, não sente necessidade de cumprimentar todos aqueles que se cruzam com ele, mas apesar disso vai contemplando a realidade que o cerca, tirando dela talvez novo alento para continuar descobrindo.
Complicado é saber que existo, que tenho sentimentos que não posso mostrar e mesmo tentando tudo, jamais serei compreendido, porque também não me quero dar a conhecer, seria um descalabro, se assim é como é, depois perderia por completo aquela parte de mim que tanto prazer me dá, sim porque alguma da minha reserva dá-me muito prazer, tanto que de forma egoísta guardo-a só para mim, quantas vezes rodeado de pessoas, eu estou naquele lugar onde já encontrei alguma tranquilidade, ou então revejo aquela forma que me fez vibrar ao transportar-me para um estado de catarse, dificilmente poderei encontrar espaço para a minha ansiedade, nada está bem, tudo me merece um reparo mesmo eu, critico-me com a força do lápis azul da censura.
Complicado é deixar os meus sonhos morrerem, por falta de coragem para dizer não, pouco a pouco fui entabulando uma parede de silêncio, não um diálogo construtivo, recusei falar com a minha razão, deixei por comodismo falar a obrigação, hoje colho os frutos da minha indecisão, do facto de me ter enjaulado, e espertos os que me rodeiam aproveitam-se disso, que poderia eu esperar, as feridas são profundas, a medicina apesar do seu avanço não as consegue sarar, não se consegue arranjar um coração destroçado, não posso acusar ninguém, fui eu que quis que me deixei envolver, agora é tarde para rumar a outro porto, e o barco já está muito velho, não suportaria o rigor da viagem as vagas seriam por demais alterosas para que não sucumbisse ao seu peso, então tudo estaria perdido, o desconhecido nesta fase mete-me confusão, mas quem sabe um dia será.
Complicado é viver com a incerteza real de que nada é certo, pois nós de certo nada temos, melhor dito temos sim a certeza de que um dia iremos desaparecer, e desta realidade não nos podemos alienar, mesmo que à nossa volta todos possam pensar que tudo está certo, os realista são forçados a dizer o contrário, desenganem-se os que remam em direcção oposta ao estabelecido, mais cedo ou mais tarde acabam por sentir na pele a corrente traiçoeira, que brota dos indigentes carneiros, que qual girassol rodam em torno de quem por efémeros segundos detém o poder, ele o poder depressa passa e quando acaba, acabam as benesses dos que com ele privam, mais depressa se esquece o bem que o mal, diz o povo, e quando se cai é difícil depois levantar-nos, assim qual deve ser a nossa conduta, fieis aos poder e a cada momento vender a alma a quem mais dá, ou simplesmente continuar o nosso caminho apoiados no nosso bordão, sem recear as tormentas que iremos passar por não termos sombra para nos abrigar.
Simples foi aquele sorriso sem dentes do idoso que me pedia algum do meu tempo para pela enésima vez me contar a história de quando sozinho no meio da serra encontrou um burro que tocava piano e falava francês pensei, conheço a história é a do gato maltês, porque me falará ele do burro e titubeante retorqui não era gato, ele de uma forma vigorosa respondeu, não era mesmo um burro pois só as pessoas inteligentes como ele conseguem acreditar nas fábulas que nos querem contar, não percebes que do modo como isto anda só uma daquelas fábulas antigas adaptadas para o nosso tempo nos fará adquirir um pouco mais de brio nacional.
Simples foi o abraço que senti, quando já cansado procurava refugio da tempestade que ia dentro de mim, nesse dia pensei que algo iria mudar, em vão depois daqueles breves segundos em que senti dois braços à minha volta, ficou tudo como se nada se tivesse passado, o meu sorriso voltou a ser negro e a minha cara fechou-se para poder afastar qualquer tentativa de contacto, qual viajante que desbravando novas terras, não sente necessidade de cumprimentar todos aqueles que se cruzam com ele, mas apesar disso vai contemplando a realidade que o cerca, tirando dela talvez novo alento para continuar descobrindo.
Complicado é saber que existo, que tenho sentimentos que não posso mostrar e mesmo tentando tudo, jamais serei compreendido, porque também não me quero dar a conhecer, seria um descalabro, se assim é como é, depois perderia por completo aquela parte de mim que tanto prazer me dá, sim porque alguma da minha reserva dá-me muito prazer, tanto que de forma egoísta guardo-a só para mim, quantas vezes rodeado de pessoas, eu estou naquele lugar onde já encontrei alguma tranquilidade, ou então revejo aquela forma que me fez vibrar ao transportar-me para um estado de catarse, dificilmente poderei encontrar espaço para a minha ansiedade, nada está bem, tudo me merece um reparo mesmo eu, critico-me com a força do lápis azul da censura.
Complicado é deixar os meus sonhos morrerem, por falta de coragem para dizer não, pouco a pouco fui entabulando uma parede de silêncio, não um diálogo construtivo, recusei falar com a minha razão, deixei por comodismo falar a obrigação, hoje colho os frutos da minha indecisão, do facto de me ter enjaulado, e espertos os que me rodeiam aproveitam-se disso, que poderia eu esperar, as feridas são profundas, a medicina apesar do seu avanço não as consegue sarar, não se consegue arranjar um coração destroçado, não posso acusar ninguém, fui eu que quis que me deixei envolver, agora é tarde para rumar a outro porto, e o barco já está muito velho, não suportaria o rigor da viagem as vagas seriam por demais alterosas para que não sucumbisse ao seu peso, então tudo estaria perdido, o desconhecido nesta fase mete-me confusão, mas quem sabe um dia será.
Complicado é viver com a incerteza real de que nada é certo, pois nós de certo nada temos, melhor dito temos sim a certeza de que um dia iremos desaparecer, e desta realidade não nos podemos alienar, mesmo que à nossa volta todos possam pensar que tudo está certo, os realista são forçados a dizer o contrário, desenganem-se os que remam em direcção oposta ao estabelecido, mais cedo ou mais tarde acabam por sentir na pele a corrente traiçoeira, que brota dos indigentes carneiros, que qual girassol rodam em torno de quem por efémeros segundos detém o poder, ele o poder depressa passa e quando acaba, acabam as benesses dos que com ele privam, mais depressa se esquece o bem que o mal, diz o povo, e quando se cai é difícil depois levantar-nos, assim qual deve ser a nossa conduta, fieis aos poder e a cada momento vender a alma a quem mais dá, ou simplesmente continuar o nosso caminho apoiados no nosso bordão, sem recear as tormentas que iremos passar por não termos sombra para nos abrigar.
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