quarta-feira, agosto 23, 2006

MASCARA

É uma manhã de Agosto, está tudo calmo porque ainda é muito cedo, somente o cheiro ao dia anterior invade o espaço, a serenidade do momento é interrompida pela chegada de alguém, um ténue bom dia e quebra-se a quietude que se fazia sentir, a partir de agora é tudo a piorar, na pressa de se atropelarem esquecem-se de que no fim nada conta, tudo aquilo que se possa ter construído esvai-se no metro quadrado que iremos ocupar.
Não faz sentido lamber as feridas, é preferível fazer-se a sua prevenção, nada melhor que um dia atrás do outro para nos ensinar a estar bem connosco, mesmo que aquilo que nos rodeia seja muito mau, dentro de nós existe sempre um sorriso cúmplice que nos transporta para um estado de felicidade interior, à muitos anos surgiu o povo andava muito triste existia muito pouca comida, a taxa de mortalidade era muito elevada, dai que alguém teve a brilhante ideia de criar uma festa para alegrar toda a gente, essa festa era muito especial, todos tinham que encontrar uma forma de não serem conhecidos, assim surgiram as máscaras, que coisa fantástica que foi essa festa, a tal ponto que ainda hoje se celebra, diz-se a esse propósito que a vida são dois dias e o Carnaval três.
Mas são dias de muita folia, que se prolongam pelos restantes com o uso das máscaras, boas disposições, bastante falsidade, mas tudo isso já nós conhecemos, o que é extraordinário mas bastante inconveniente, as mudanças de atitude as calunias e as falsas amizades, como são destrutivos os jogos de poder que se mudam de acordo com o vento, virá um dia em que o pano vai cair, a roupa que agora protege a mediocridade será rasgada e uma vez a nu e perante o espelho as deformações serão visíveis e nesse dia a imagem será de tal forma horrenda que a saída será a auto destruição, sim caminhamos para a auto destruição de tudo o que poderia ser bom, neste momento vale tudo, até mesmo aquele pedido velado.