quinta-feira, agosto 31, 2006

GRASTÃO

Grastão mocetão de aspecto rude, pacatamente labora as suas terras, este agricultor da quinta vaga, cultivava plantas biológicas para comercializar nas muitas feiras e mercados de substâncias profiláticas da ansiedade, existentes na região, dia após dia trata do seu cultivo com muito esmero, modelo do moderno empresário ajudado pelo Estado, cheio de iniciativa recebe subsídios para comprar um andar naquele condomínio fechado, em que o porteiro limpa a remela ao condóminos, políticos sobretudo, antes deles saírem após uma noite agitada a reflectir sobre o projecto de Lei, que irão apresentar no dia seguinte, em que mais uma vez faltam à sessão do Parlamento, sobre o novo regime de admissão dos membros do seu clube, mas aqui fala-se do Grastão, para além da já referida actividade, ele cria como forma de diversão e complemento do rendimento, burros, estes equídeos em vias de extinção recebem um complemento especial dos fundos comunitários, ele com terras vastas não podia perder esta oportunidade, sabendo que se aproximava uma mostra extraordinária de produtos semelhantes ao seu, seleccionou o seu melhor lote e montado num dos seus burros pôs-se a caminho.
Chegado ao local da exposição Grastão criando esbarro, foi um supurou em seu redor que ele nem aquiesceu à zona VAP, Vendedores Altamente Protegidos, para onde tinha reservada a sua inscrição, quinhoou-se ali mesmo na zona GSF, Gente Suja Fingia, que não oferecia o conforto a que está habituado, pois em vez de papel de seda para limpar o dito cujo, os sanitários estão equipados com papel de jornal, já muito velho por demasiada exposição à acção dos raios solares, no lugar das toalhas quentes de puro linho, fiado à mão por inocentes donzelas virgens, que uma recente portaria impediu de continuarem a trabalhar, porque na sua idade é considerado exploração infantil, achou desperdício, a que foi dada uma utilização pouco definida, que lhe conferia uma cor acastanhada, por esse motivo não o utilizou, em seu lugar, mostrando a revolta que estes factos lhe provocaram, pediu o livro amarelo e em português vernáculo exarou a respectiva reclamação, que de tão extensa e em face do seu conteúdo me excluo de reproduzir, porque invariavelmente ao transcreve-la para linguagem infantil, perderia o seu conteúdo poético, por exclusão das palavras mais afirmativas.