DESCALÇO
Resolvi fumar um cigarro para tal dirigi-me à varanda da casa, ao contrário do que é meu hábito descalcei-me, enquanto fumava senti o prazer que me dava o contacto dos pés com o chão de mosaico, não era frio como vulgarmente se diz, o seu calor envolveu-me, apreciei o simples prazer de fazer algo fora do normal, por vezes é simples estar-mos bem, naquele período nada se reflectiu de desagradável, nem mesmo a certeza de que amanhã por esta hora já estarei a deitar os bofes pela boca com realidade que me cerca, olhei ao meu redor e contemplei uma velha árvore que está junto da minha casa, pensei em quantas pessoas ela já viu partir no muito que poderia dizer se utilizasse a mesma linguagem que eu, quantas histórias teria para me contar, nas surpresas que elas constituiriam, junto a esta árvore estão outras mais novas ali plantadas recentemente, indiferentes ambas aos meus pensamentos, observo o efeito do vento que se faz sentir sobre elas, as mais novas contorcem-se como uma intensidade que receio que se partam, porém a mais antiga mostra-se indiferente à acção do vento somente os ramos mais jovens parecem abanar executando uma espécie de dança, porém o seu tronco está quieto indiferente aos avanços do vento, já teve tempo suficiente para desenvolver raízes profundas, pelo que um simples vento não a perturba, os anos ensinaram-na que é necessário um ciclone para ela se sentir ameaçada, do mundo das árvores para o das pessoas foi um passagem instantânea, surgiu logo a comparação, assim no principio da vida sentimo-nos inseguros é ai que a protecção dos nosso pais se faz sentir com mais acuidade, precisamos deles para sobreviver, são eles que nos mantêm seguros é a sombra deles que nos protege, depois na idade mais adulta sentimos que podemos correr sozinhos, enfrentar tudo e todos vamos tentando sair da sua alçada, encontrar os nossos caminhos, se temos duvidas poderemos sempre recorrer a eles, nesta fase estamos decididos a mudar o mundo, temos objectivos que queremos alcançar a qualquer preço, mesmo que pelo meio atropelemos alguém, a propósito de um objectivo que não sabemos bem qual é, ou talvez não, provavelmente sabemos muito bem o que pretendemos e elaboramos um plano para atingir esse fim, e os meios justificam-se para os atingir.
Mas surgiu-me outra alegoria, a força física de um jovem e a sabedoria de uma pessoa mais idosa, lembrei-me do meu avô na sua oficina de funileiro já entrado no tempo, pacientemente fazendo em chapa um galheteiro para azeite, perguntei-lhe porquê avô com a sua idade ainda está a trabalhar não era melhor descansar e viver os anos que lhe restam descansado? Ele respondeu, sabes dantes fazia três por hora, hoje como as forças já são poucas, demoro três dias para fazer um, contudo sei que este está muito mais bem feito de que todos aqueles que fiz anteriormente, se eu puder o próximo será ainda melhor que este, para além disso enquanto estou aqui na oficina, estou ocupado a fazer uma coisa diferente, não o estava a perceber uma vez que desde sempre me lembrava do meu avô às voltas com a chapa as tesouras e o martelo e já tantas vezes tinha visto sair das suas mãos galheteiros e outras peças de latoaria, respondi está bem como o dizes deves ter razão, agora entendo o que ele me dizia, antes como fabricava muitos, o preço era baixo no entanto as pessoas compravam muito, o que levava a que por mais que fizesse o lucro dele era pequeno, existiam no mercado outros produtos concorrências ao dele, então mudou de técnica passou a fabricar com uma qualidade muito grande e em número reduzido aperfeiçoou todos os aspectos ligados à execução, reduziu desperdícios, eliminou tarefas baseadas na força, cuidou do acabamento final.
Em vez de os vender na sua oficina como antes, ele ia à feira das cebolas, e com uma cadeira baixa que por acaso hoje esta na minha casa mostrava o seu produto, os galheteiros do meu avô, eram os mais lustrosos que por lá se podiam ver, as pessoas paravam para se verem reflectidas na superfície polida, de tal forma que mais parecia um espelho feito do mais puro cristal e não um simples galheteiro feito de lata, tinha sucesso garantido, quando lhe perguntavam mestre Alfredo como correu a feira? Respondia podia ter corrido melhor se eu em vez de oitenta anos tivesse sessenta e soubesse o que sei hoje, não teria desperdiçado tanta energia com outros produtos, para quem não conheceu o meu avô é capaz de ser difícil perceber esta história real, esclareço que ele morreu com noventa anos e só deixou de ir à feira das cebolas porque faleceu precisamente quando ela decorria, antes teve a oportunidade de ver cinco dos seus sete filhos casados, nove dos seus dez netos, 7 bisnetos ainda solteiros dos 13 que actualmente existem porém a sua dinastia tem continuado, hoje já existem bisnetos dos filhos, com origem num simples latoeiro existem pessoas seus descendentes que beberam dele a sua forma de vida, já não são latoeiros exercem outras actividades, mas tal como ele mantêm-se fieis à sua filosofia de vida, encontram o seu caminho pela diferença, sem precisarem de atropelar ninguém.
Mas surgiu-me outra alegoria, a força física de um jovem e a sabedoria de uma pessoa mais idosa, lembrei-me do meu avô na sua oficina de funileiro já entrado no tempo, pacientemente fazendo em chapa um galheteiro para azeite, perguntei-lhe porquê avô com a sua idade ainda está a trabalhar não era melhor descansar e viver os anos que lhe restam descansado? Ele respondeu, sabes dantes fazia três por hora, hoje como as forças já são poucas, demoro três dias para fazer um, contudo sei que este está muito mais bem feito de que todos aqueles que fiz anteriormente, se eu puder o próximo será ainda melhor que este, para além disso enquanto estou aqui na oficina, estou ocupado a fazer uma coisa diferente, não o estava a perceber uma vez que desde sempre me lembrava do meu avô às voltas com a chapa as tesouras e o martelo e já tantas vezes tinha visto sair das suas mãos galheteiros e outras peças de latoaria, respondi está bem como o dizes deves ter razão, agora entendo o que ele me dizia, antes como fabricava muitos, o preço era baixo no entanto as pessoas compravam muito, o que levava a que por mais que fizesse o lucro dele era pequeno, existiam no mercado outros produtos concorrências ao dele, então mudou de técnica passou a fabricar com uma qualidade muito grande e em número reduzido aperfeiçoou todos os aspectos ligados à execução, reduziu desperdícios, eliminou tarefas baseadas na força, cuidou do acabamento final.
Em vez de os vender na sua oficina como antes, ele ia à feira das cebolas, e com uma cadeira baixa que por acaso hoje esta na minha casa mostrava o seu produto, os galheteiros do meu avô, eram os mais lustrosos que por lá se podiam ver, as pessoas paravam para se verem reflectidas na superfície polida, de tal forma que mais parecia um espelho feito do mais puro cristal e não um simples galheteiro feito de lata, tinha sucesso garantido, quando lhe perguntavam mestre Alfredo como correu a feira? Respondia podia ter corrido melhor se eu em vez de oitenta anos tivesse sessenta e soubesse o que sei hoje, não teria desperdiçado tanta energia com outros produtos, para quem não conheceu o meu avô é capaz de ser difícil perceber esta história real, esclareço que ele morreu com noventa anos e só deixou de ir à feira das cebolas porque faleceu precisamente quando ela decorria, antes teve a oportunidade de ver cinco dos seus sete filhos casados, nove dos seus dez netos, 7 bisnetos ainda solteiros dos 13 que actualmente existem porém a sua dinastia tem continuado, hoje já existem bisnetos dos filhos, com origem num simples latoeiro existem pessoas seus descendentes que beberam dele a sua forma de vida, já não são latoeiros exercem outras actividades, mas tal como ele mantêm-se fieis à sua filosofia de vida, encontram o seu caminho pela diferença, sem precisarem de atropelar ninguém.
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