terça-feira, setembro 26, 2006

FARU

Faru, epíteto conseguido pela brilhante proeza alcançada com o seu apurado olfacto, ao identificar de olhos vendados, num evento registado no livro dos recordes, quinhentos odores diferentes, dentre os quais se destacava, um raro de uma espécie já há muito extinta, conservada embalsamada graças à generosidade de um mecenas, a Amonites Hercúlea planta carnívora, cujo sub tipo ainda existe nos nossos dias, designada por flor do arroz, mas baptizada pelo povo de voto, talvez pela analogia com as consultas populares, mas que com a evolução deixou o seu apetite voraz por carne alimentando-se de fungos e outros elementos contidos na terra, esta flor só desabrocha de quatro em quatro anos por altura do Outono, situação invulgar na Botânica, o seu ciclo de vida enquanto flor dura catorze dias, nesse esse período é ver excursões, munidas do respectivo farnel porque a vida está cara, a visitar todos os cantos do território em busca dela, quando a encontram são manifestações de júbilo, logo ali se faz uma grande festa com direito a tudo porque tristezas não pagam as ditas.
Na romaria do passado ano de dois mil e cinco, Faru também participou, foi vê-la desvelada com um sorriso agigantado de orelha a orelha revelando os dentes tão afilados quanto os de um pastor alemão, a abrir caminho cheirando para o chefe ter a felicidade de encontrar uma flor, apesar do empenho não foi bem sucedida, andou triste durante meses, a sua característica única estava a evaporar-se sem ela de pouca utilidade seria a sua presença, para recuperar forças e quiçá o seu faro, resolveu aceitar um lugar no recém criado para ela, GREF - gabinete de protecção as evaporações de fedores, com competência para elaborar um dossier com todos os planos de acção necessários para o retrocesso do fenómeno, por entre dúzias de colaboradores reclassificados na carreira de informáticos, foi vê-la dando ordens para cá e para lá, até que na NET encontrou a solução para o seu problema, sem qualquer pudor, pois já há muito que o tinha perdido em todos os poros, copiou tudo, entregou ao chefe com uma reprodução barata, por isso pouco fiel da cartilha maternal, espécie rara hoje pouco utilizada no ensino, por este facto o dossier continha toda a sorte de erros, que o chefe para não deixar mal a sua protegida, tratou de corrigir no maior dos segredos, pois isto de ter amigos é o que é e vale pelo que vale, ou seja boas cunhas.