sexta-feira, setembro 15, 2006

ULFA

Ulfa mulher jovem de aparência frágil, apesar do aspecto angelical denota uma tenacidade brutal, quando confrontada com uma situação injusta, as causas perdidas são uma fonte de inspiração para ela, um destes dias enfrentou uma dura batalha contra uns moncos que teimosamente se lhes atravessavam entre o nariz e a boca, foi tal a guerreia que resolveu soltar o cabelo para a face, normalmente usa-o preso de lado nas têmporas, para que não a impeçam de ver, exibindo deste modo um ar de mulher fatal que dificilmente se descobriria nela. Discreta por natureza, esconde-se num silêncio que por vezes parece lunático, é difícil quantificar as regras a que se impõe, são tantas que seria necessário abater toda a floresta Amazónica, para existir quantidade suficiente de papel paras as enunciar, as mais curiosas de todas são: aquela que a obriga a fazer dieta apesar de extremamente magra, outra tal como um relógio ela obriga-se a diariamente efectuar uma marcha para se deslocar de casa até ao trabalho e vice-versa, não contente durante a caminhada conta tudo quanto são sonsas para assim estabelecer se a colónia deste animais está em vias de extinção.
Cansada de tanta regra a que se tinha imposto decidiu abolir algumas, afinal temos que viver, passou a beber chá em copo usando sempre a sua mão direita para depois de bem mexido o açúcar, que não usa, o começar a beber, neste período o telefone não deve tocar, iria interromper a sua meditação, nestes momentos pensa na influência da paparoca no comportamento das sagazes, espécie que tem prosperado, afinal a sua acção consegui fazer promulgar a Lei que obriga à sua protecção, a sua paixão por aves é uma bandeira que iça com toda a sua força, possui uma colecção imensa de cromos sobre este tema, viu-se recentemente forçada a leiloar todos bens, triste passa os dias com saudades dos tempos em que o céu era azul, a água transparente, as florestas tropicais tinham chuvas ácidas e as sagazes estavam em vias de exterminação na zona, resta-lhe o velho berço companheiro do seu sono de criança, do qual não conseguiu desfazer-se, por estar na família há muitas gerações, afinal as aves voam, as pessoas passam, mas os sentimentos ficam, o berço fica tudo o resto vai, é a minha opção, respondeu Ulfa no leilão sem qualquer hesitação quer queiram ou não, não aceito outra solução.