quinta-feira, setembro 21, 2006

ACRO

Acro, amigo de longa data do autor terá que sair beneficiado desta gesta, para não fugir à regra de que todas as lábias são facciosas, magistral apreciador do néctar dos Divos, bem acompanhado por um lauto repasto, é uma figura muito parecida com um inspector de polícia de um conto infantil, estrutura baixa, já um pouco calvo, tem um sentido de humor muito rematado, difícil de perceber por quem não possuir os neurónios no seu lugar, ocasionando por vezes situações de algum melindre entre os seus ouvintes, certa ocasião já bem atestado resolveu explicar a razão pela qual nutre um carinho pasmoso por sarda grelhada, amante dos detalhes, começou por explicar que este peixe habita em águas temperadas é pescado à rede, pertence à família das penisatesasja, que tem como principal característica o facto de quando tocado, para se defender acabar por expelir um espécie de ranho, que faz as delicias de outras castas, um dos outros convivas bem lotado, ouvindo isto responde-lhe: grelhada não está mas se quiseres aqui está, de pronto colocou a sua ponta ao alcance do espantado orador.
Noutra situação, amigo do seu amigo, estava Acro tomando o seu banho de imersão, altura em que aproveita para brincar com o patinho que lhe deram em petiz, sente que algo estava a mexer dentro de casa, como vive sozinho pensou, aqui há tareco por certo, saltou da tina e pegou no que lhe estava à mão para decidido fazer uma anda pela habitação, começando pela sala próxima do banheiro seguiu-se a cozinha, corredor, dispensa, hall e escritório, sem nada encontrar, estava já disposto a acabar o que tinha começado, quando ouve um rebuliço vindo da direcção do seu quarto de cama, mas o que é isto vindo da minha deita, tinha o hábito de dormir imerso na mais profunda escuridão, qual morcego quando o dia vai alto, acende a luz e qual não é o seu marasmo, quando na sua alcova avista um vulto, só posso estar de ressaca, a noite anterior tinha sido de festim, mas sim na sua tarimba estavam formas que era suposto não estarem lá, levanta os panos e com grande surpresa, vê um corpo vestido com a roupa que a mãe lhe deu quando nasceu estirado na sua pildra, abriu mais os olhos para dissipar alguma réstia de sono que porventura o poderia confundir, gritou levanta-te dorminhoco que o sol altaneiro já chama pelo teu traseiro, foi só um sonho traiçoeiro.